A Câmara Municipal de Betim, por intermédio da Comissão Permanente dos Direitos da Mulher, presidida pela vereadora Ciene do Pinduca (PP), realizou na tarde de quarta-feira (10), no Plenário Carino Saraiva, Audiência Pública para debater a Lei Maria da Penha — Seus Avanços e Desafios. O presidente do Poder Legislativo, vereador Leo Contador (DEM), que comandou o evento, lamentou que os crimes cometidos contra a mulher, principalmente estupros consumados e tentativas, tenham aumentado no município, embora outras modalidades de violência, como assaltos e homicídios, tenham regredido. Leo Contador sugeriu que seja feito um mapeamento desses crimes e, a partir do geoprocessamento deles, os órgãos envolvidos na segurança pública e nas políticas de proteção às mulheres possam agir de forma sintonizada e coordenada na busca por objetivos comuns. A primeira-dama de Betim e presidente da Associação de Proteção à Maternidade, Infância e Velhice (Apromiv), Laura Medioli, contou que começou a prestar atenção à violência voltada contra a mulher ainda em sua juventude. O que a despertou para o problema foi o assassinato da socialite mineira Ângela Diniz pelo playboy Doca Street, ocorrido no dia 30 de dezembro de 1976, na Praia dos Ossos, localizada em Armação de Búzios (RJ). Apesar da gravidade do crime, Doca foi julgado e condenado a uma pena branda. Em sua defesa os advogados se valeram do princípio da legítima defesa da honra, existente na época. Laura disse também que a imprensa precisa ter muita responsabilidade na cobertura dos casos de estupro, pois reportagens sensacionalistas podem potencializar esse tipo de crime. Cartilha Ana Maria Ragazzi, psicóloga da Secretaria Municipal de Assistência Social, fez uma exposição sobre os aspectos emocionais da mulher vítima de violência, contextualizando-a juntamente com o agressor e a família dentro do lar. A secretária municipal de Assistência Social, Fabiana Quintela, explanou acerca das ações de sua Pasta no enfrentamento da violência doméstica e contra a mulher. Fabiana anunciou a volta da participação de Betim no Consórcio Regional de Promoção da Cidadania Mulher das Gerais. Durante a Audiência foi distribuída uma cartilha elaborada pela Prefeitura Municipal de Betim com informações sobre como a mulher deve agir nos casos em que sofrer algum tipo de violência. Na avaliação da secretária municipal de Educação, Ellen Ises Mendes, a violência contra a mulher traz outra consequência trágica para a sociedade. Muitas crianças apresentam dificuldade de aprendizado devido às cenas de violência a que assistem em casa e que provocam traumas difíceis de serem superados. O promotor da 3ª Promotoria de Justiça, Spencer dos Santos Júnior, apontou que o combate à violência contra a mulher deve partir da adoção de políticas públicas de qualidade por parte do Poder Público. Ocorrida a violência, o promotor afirmou que é necessária a quantificação dos delitos para que seja possível traçar o mapeamento e agir de forma localizada e eficaz em seu combate. Spencer Júnior cobrou da Polícia Civil a abertura de inquéritos policiais para apurar todas as denúncias de violência contra a mulher que chegam às delegacias. De acordo com os dados apresentados por ele, de janeiro deste ano até o dia 10 de maio, 240 mulheres conseguiram medidas protetivas, porém somente 147 inquéritos policiais forma abertos para apurar esses casos. Durante a Audiência Pública aconteceu a exposição de fotos do fotógrafo Laerte Amali, denominada Entre Mundos: Mundos Diferentes, Mesma Realidade. A mostra apresentou várias fotos de mulheres que sofreram violência em seu dia a dia. Também participaram da Audiência os vereadores Elza Aguiar (PP), Bianca do Marcão (PPL), Tiago Santana (PCdoB), Roberto da Quadra (PHS), Paulinho Vicentino (PPS), Luiz Conexão (PDT), Paulo Tekim (PMDB), Claudinho (DEM) e Marcelino do Sindicato (PMDB). Jornalista Wagner Augusto Diretoria de Comunicação Social da Câmara Municipal de Betim