Câmara Municipal promove entrontro: Filhos Separados da Colônia Santa Isabel

  • Autor: Jonathan Pires - 17/12/2018 - Local: Câmara Municipal de Betim
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A Câmara Municipal de Betim, por meio da Comissão Permanente de Proteção à Pessoa com Deficiência e da Escola do Legislativo Sara Eloy, realizou na tarde desta sexta-feira (14 de dezembro), no Plenário Carino Saraiva, o Encontro Filhos Separados da Colônia Santa Isabel. O evento teve como objetivo assinalar a luta dos filhos que foram retirados de seus pais hansenianos logo após o nascimento, em cumprimento à política sanitária de prevenção à doença que vigorava na época. Os bebês eram levados para aos preventórios e muitos deles jamais se encontraram com seus pais, ou por falecimento ou por dispersão para outras cidades. O vereador Gilson Baeta (PDT), nascido e criado em Citrolândia, bairro que abriga a Colônia Santa Isabel, presidiu o Encontro, tendo como parceiro o vereador Lindoar Barroso (PHS), outro representante dessa comunidade no Poder Legislativo. Marcelino do Sindicato (MDB) foi outro vereador a compor a Mesa dos trabalhos, ao lado do presidente da Associação Comunitária da Colônia Santa Isabel, Hélio Dutra, que lembrou que há no Brasil 33 colônias para o tratamento de hanseníase, sendo quatro em Minas. Aconteceram duas palestras, sendo a primeira delas proferida pela coordenadora do Movimento Somos Todos Colônia, Mônica Fernandes Abreu. O tema abordado foi a mobilização que culminou com a aprovação e sanção da Lei Estadual nº 23.137/2018, que prevê o pagamento de indenização aos filhos separados dos pais. A Lei, sancionada pelo governador Fernando Pimentel (PT) na quinta-feira (13 de dezembro), teve origem no Projeto nº 4.828/2017, de autoria do deputado estadual Antônio Jorge (PPS). De acordo com o diretor nacional do Movimento de Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Thiago Flores, cerca de 3.000 cidadãos betinenses poderão ser indenizados. Mônica frisou que a discriminação às pessoas acometidas pela hanseníase deve ser enfrentada de maneira diferente daquela aplicada a outros grupos sociais, tais como idosos, negros e mulheres, por exemplo. “Precisamos lembrar-nos da pregação aristotélica acerca da igualdade e equidade”, apontou, lamentando que a política nacional de combate à hanseníase gera resultados opostos nos Estados brasileiros, nos quais o Paraná é o melhor de todos e Minas Gerais é o segundo pior. Jornalista Wagner Augusto Diretoria de Comunicação Social Políticas sanitárias equivocadas geraram tragédias O segundo palestrante da tarde foi o médico hansenólogo da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), Eduardo Rabelo de Abreu. Ele criticou de modo enfático a política de segregação compulsória que foi adotada no século passado, o que levou milhares de pessoas a viver em sanatórios, completamente isoladas de seu núcleo familiar e da sociedade de modo geral. Além disso, conforme já foi referido, os filhos que nasciam nas colônias de hansenianos eram sumariamente apartados de seus pais, em muitos casos para sempre. “Essa política estava completamente equivocada e não contribuiu em nada para aplacar o surgimento de casos de lepra, como a doença era chamada nesses tempos de forte discriminação”, asseverou, ressaltando que ao ser separados dos pais os filhos sofriam traumas psicológicos irrecuperáveis e cerca de 70% deles faleciam antes de completar um ano de vida (não há estatística oficial alguma para comprovar esses números macabros). Eduardo Rabelo manifestou sua repulsa quanto à iniciativa da direção da Fhemig de alterar o nome de Colônia para Casa de Saúde Santa Isabel, tachando-a de mero eufemismo que tem como finalidade tentar diminuir a dívida que o Poder Público tem com as vítimas de hanseníase. “E a tragédia continua pelo Brasil afora, principalmente nas regiões mais pobres, como o Vale do Jequitinhonha e o Norte de Minas Gerais. Em 2016, foram registrados 29.300 casos de hanseníase no País, o que nos coloca como o campeão mundial nesse triste quesito. Superamos a Índia, que tem população de mais de 1,2 bilhão de pessoas”, assinalou. Para piorar a dramaticidade do problema, para cada caso notificado de hanseníase existem outros três que não são contabilizados pelas autoridades de saúde pública. “Seguramente, temos entre 100 e 120 mil brasileiros atualmente padecendo com a doença em pleno século XXI, que prometia ser a era da construção de uma sociedade mais solidária e igualitária”, lamentou Eduardo. Ao final do Encontro, Maria Francisca de Ávila e Lucimar Veloso prestaram homenagem aos palestrantes, entregando-os arranjos de flores. Houve também a apresentação musical do Grupo Reencontros e da Charanga de Geraldo Capacete.
Publicado em: 17/12/2018