A Câmara Municipal de Betim, por intermédio da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga supostas irregularidades praticadas pela VLI Multimodal S/A na administração da linha férrea, ouviu na manhã desta quarta-feira (16), dois comerciantes da região do Alterosas. Em depoimento, os convidados foram unânimes em afirmar que a empresa responsável pelo tráfego férreo em Betim além de prejudicar a cidade com o não cumprimento de requisitos básicos de segurança, também causa prejuízos econômicos. O primeiro comerciante ouvido foi Ivon Soares, que tem um comércio há 26 anos no Alterosas. Durante o depoimento, Ivon relatou ter presenciado diversos acidentes, sendo alguns fatais. Para ele, a solução seria a construção de uma trincheira na região. “A VLI apresentou um orçamento de R$ 90 milhões para a construção de uma trincheira, mas sabemos que esse não é o valor real, o que eles querem é dificultar a execução da obra”, disse. O vereador Roberto da Quadra, membro da CPI, acrescentou que o Poder Executivo apresentou à empresa um orçamento de R$25 milhões para a construção de uma trincheira, valor em que já consta o recurso que será usado para as desapropriações. Além da questão da segurança, Ivon ressaltou que a passagem do trem de cinco a seis vezes por dia causa um prejuízo financeiro incalculável para o comércio local. Segundo ele, muitas pessoas relatam que desistiram de ir ao comércio quando chegam perto da linha e o trânsito está parado. “Cada vez que o trem passa, o trânsito para por cerca de dez minutos”, informou. Outra questão levantada durante a reunião foi a falta de um segurança nas passagens de níveis. “Parece que a empresa não tem efetivo para cobrir toda as passagens do município e só vejo o segurança uma vez, no máximo duas vezes por dia”, disse Ivon, que quase se envolveu em um acidente com o trem. O vereador Professor Alexandre Xeréu informou que irá fazer, junto com os demais vereadores da CPI, um Requerimento exigindo que a VLI instale imediatamente cancelas em todos os pontos de passagem do trem na cidade. “Além da cancela, cada ponto deverá ter um segurança 24 horas”, disse Xeréu, acrescentando que essa é apenas uma solução paliativa até que as transposições sejam feitas. O vereador e presidente da CPI, Paulo Tekim, ressaltou a questão que envolve a perda de vidas indiretas causadas pelo trem. “Conheci pessoas que morreram na ambulância enquanto esperavam o trem passar”, informou. O outro comerciante que falou na reunião foi Enok Freitas. Durante a fala Enok apresentou números que mostram o impacto da linha férrea em Betim. Segundo ele, a linha corta 14 bairros do município, ou seja, cerca de 200 mil moradores são afetados diretamente pela VLI. “No dia do acidente que envolveu um ônibus na região central de Betim, o trânsito local ficou parado por cerca de três horas. Isso geral um transtorno gigantesco para cidade”, disse, acrescentando os problemas psicológicos causadas pelas buzinas. “Imagina o efeito que causa essas buzinas, com não sei quantos decibéis, em pessoas que sofrem de transtornos mentais ou que estão acamadas ou até mesmo em idosos”, ressaltou. Outro ponto apresentado durante a reunião foi o descaso da empresa em relação à limpeza das margens da ferrovia. “As proximidades da linha férrea acumulam sujeira, atraem animais peçonhentos e o mato alto acaba servindo de esconderijo para marginais”, disse o vereador Gilson da Autoescola, que também é membro da CPI. Diretoria de Comunicação Social