A Câmara Municipal de Betim realizou Audiência Pública, na tarde de quinta-feira (10 de novembro), no Plenário Carino Saraiva, para discutir o enfrentamento e os apontamentos de soluções preventivas para possíveis episódios de desastres ambientais, haja vista a proximidade de um novo período chuvoso. Nesse contexto, o foco das atenções foram os Bairros Nossa Senhora de Fátima, Itacolomi e Cruzeiro do Sul, severamente castigados pelas intempéries ocorridas no começo do ano. O vereador Roberto da Quadra foi o autor do Requerimento nº 1.807/2022, que proporcionou a realização da Audiência Pública.

Roberto da Quadra, que presidiu e coordenou os trabalhos, reiterou que a finalidade principal do debate é diligenciar a atuação da Copasa e do Poder Público quanto às medidas que estão sendo tomadas para evitar novas enchentes. "Todas as grandes avenidas construídas em Betim recentemente tiveram em seus projetos a preocupação com a vida humana. Os bairros não foram alagados por causa dessas avenidas e sim devido ao Rio Betim, que tem uma calha muito pequena e transborda facilmente. É preciso que a Copasa tome as providências que possam prevenir outras tragédias", afirmou Roberto.

O gerente regional da Área Metropolitana Sul da Copasa, Fernando César Zanette, discorreu a respeito das medidas tomadas para amenizar os danos das enchentes. Para evitar refluxo de esgoto nas zonas mais baixas de Betim está sendo feita a limpeza da tubulação. "Cerca de 6.000 metros da rede coletora de esgoto foram limpos nos últimos cinco meses. Junto desse trabalho preventivo, a Copasa procura conscientizar a sociedade para o uso adequado da estrutura da empresa", disse Fernando.

Já o gerente da Unidade de Produção de Água da Copasa, Alexandre Virgílio da Costa, explicou que a Represa de Várzea das Flores, devido ao grande adensamento populacional em seu entorno, transborda facilmente após um temporal. "A Copasa atua no controle do nível do reservatório, mas o volume de chuvas não pode ser previsto com exatidão. Hoje, o volume de água está em 46%. Não se pode esvaziar mais a represa porque nunca se sabe a quantidade de chuvas que virão", apontou, Alexandre, mostrando os mecanismos de que dispõe a Copasa para monitorar e escoar a água de Várzea das Flores.

Obras complexas e caras

O diretor de Manutenção da Empresa de Construções, Obras, Serviços, Projetos, Transporte e Trânsito de Betim (ECOS), Wilton Magno Leite, recordou que antes da construção da Avenida Cordeline as enchentes eram mais frequentes. Ele explicou que a região do Bairro Nossa Senhora de Fátima está na rota de quatro bacias hidrográficas: Várzea das Flores, Rio Betim, Córrego Ponte Alta e Córrego Estiva. "Um estudo da UFMG indicou algumas obras para resolver o problema das enchentes. São intervenções caras e complexas. Estamos procurando viabilizá-las com a maior rapidez possível", explicou Wilton.

O superintendente municipal de Defesa Civil, Cel. Walfrido de Assis Lopes, reforçou que a Prefeitura Municipal de Betim recebeu os estudos técnicos pertinentes ao problema e após a conclusão das obras propostas haverá a solução praticamente completa das demandas. "Enquanto as intervenções não acontecem, está pronto e divulgado o Plano de Contingenciamento para evitar que se repitam as tragédias de janeiro deste ano. Todas as escolas municipais estarão de portas abertas para o que for preciso", revelou Walfrido, afirmando que a Defesa Civil conta com apenas 47 servidores e 180 voluntários cadastrados para colaborar.

O secretário municipal de Ordenamento Territorial e Habilitação, Marco Túlio de Freitas Rezende Lara, lembrou que as ocupações irregulares contribuem para as enchentes e os alagamentos, ao lado da omissão do Poder Público ao longo das últimas administrações. "As contrapartidas sociais das empresas representam uma saída financeira para as grandes obras que exigem altos recursos. Estamos mobilizados para viabilizar o que for preciso para melhorar a vida da nossa população", garantiu Marco Túlio, mostrando em slides os estudos técnicos realizados pelo Poder Executivo.

A população dos Bairros Nossa Senhora de Fátima, Itacolomi e Cruzeiro do Sul compareceram em elevado número e apresentaram suas queixas diretamente às autoridades presentes à discussão. Também participaram da Audiência Pública os vereadores Zezinho do Carmo, Gregório Silva, Marquinho Rodrigues, Angela Maria e Irani Maritaca, a secretária municipal de Assistência Social, Sandra Morais de Queiroz, a chefe de Divisão Administrativa Financeira da Secretaria Municipal de Assistência Social, Ane Cássia, o gerente da Regional Imbiruçu, José Pereira, a Superintendente Municipal de Licenciamento e Regularização Ambiental, Jaqueline Flaviana de Santana, e o diretor da ECOS, o advogado Lucas Neves, entre outros servidores da Prefeitura Municipal e funcionários da Copasa.

 Jornalista Wagner Augusto